Há alguns anos recebi este “testemunho de fé”, de um amigo na hora da morte de um filho querido. Talvez possa ser útil a alguém que passou ou que passa por uma dor semelhante.
Prof. Felipe Aquino
Tão logo soube do acidente com o meu filho Fábio Adriano (e ignorando que tinha sido fatal), apressei-me a comunicar o fato ao meu cunhado Galdino, cuja reação de momento foi esta: — Queira Deus não aconteça o pior, que isso poderá desagregar a família e até matar meu pai!
A partir daí, todos os comentários vinham de forma parecida, com algumas expressões até teatrais e outras mais emocionais, tipo: — “Como pode ter acontecido isso com um rapaz tão forte, de dentro da igreja, de família profundamente católica e envolvida em movimentos religiosos”? –“Deus não podia ter feito isso com uma família de grande caminhada cristã…”! –“Fosse comigo chutava para o alto, religião, fé, igreja e até a própria vida”!
Ouvimos calados tudo o que foi dito e aceitamos(com certa relutância e silenciosa revolta) a atitude desesperada das pessoas em nos consolar; mas, de forma alguma (embora com o coração sangrando de dor e a alma estraçalhada pela ocorrência terrível) não contestamos a vontade de Deus… pensávamos apenas se nosso Fábio Adriano sofrera muito no momento da partida, porque o seu corpo já não era mais possível salvar… sabíamos que seguindo o Evangelho, ele deu a sua vida por outras vidas e, sentíamos no fundo do nosso ser, que tínhamos devolvido para Deus um filho de alma pura, cujo coração tão grande, não cabia mais em seu peito e nem neste mundo complicado… seu lugar era mesmo o céu!
Como poderíamos brigar com Deus, quando a vida do nosso Fábio Adriano foi sempre de brigar por Deus? Como fazer cobranças a Maria, se o Fábio Adriano carregava a sua estampa no peito com amor e conduzia feliz a sua imagem onde fosse solicitada a reza do terço? Como abandonar uma religião que nos deu estrutura espiritual para suportar este terrível momento e na qual, Fábio Adriano realizou uma missão abençoada?
Como afastar dessa igreja, se por ela Fábio Adriano deu os maiores testemunhos de fé e os melhores exemplos de vida?
Desde a noite de vigília (do Fábio sob as águas, no batismo definitivo e imutável para renascer em Deus, no domingo de Cristo Rei); os primeiros sinais da graça divina começaram a se manifestar em nossa casa, de tal maneira, que pensamos estar imaginando coisas: o nosso caçulinha de dois aninhos (xodó do mano) passou a agir com uma alegria tão forte, tão expontânea, correndo atrás ou gritando para o pai, para a mãe, para os irmãos, tão logo um de nós ou todos nós, começávamos a cair em desespero; e, ele que já era carinhoso, triplicou o seu carinho e em muitas ocasiões, repetiu gestos e maneiras comuns ao nosso querido Fábio Adriano (o “Teite” como ele ainda chama algumas vezes, apontando para o vazio).
Por tudo o que estamos passando, apesar das dores e da angústia, não fosse o nosso carinho por Maria (mãe que viu morrer seu filho, Deus feito homem) o nosso amor pela Igreja católica e a nossa adoração por Jesus, talvez eu não estivesse escrevendo este testemunho agora, porque:
“ Com Jesus a morte é vida e sem Jesus a vida é morte” !!!
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
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